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EPI-NO, Tão amado e tão odiado

  • 20 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura

Quando começo a usar?!


Esse aparelhinho azul que foi criado na Alemanha tem como principal objetivo trabalhar a musculatura pélvica durante a gestação, parto e pós-parto. Hoje em dia ele é muito utilizado para o alongamento do músculo perineal solicitado no momento do expulsivo, ou seja, na hora que o bebê realmente está saindo do corpo da mãe e vindo para o lado de cá. É nessa hora que pode ou não ocorrer uma laceração natural que varia do grau 1 ao 4 (1 sendo a mais leve, apenas mucosa e 4 sendo a mais profunda envolvendo musculatura anal). Essa possível laceração natural no momento do expulsivo poderia ser evitada por diversas situações como: expulsivo não muito rápido, controle muscular da mulher, evitar puxos dirigidos, respiração correta ao fazer força, não instrumentalizar esse momento, a mulher não estar anestesiada e etc. São inúmeros esses fatores e a única coisa que garante mesmo que nenhuma laceração seja feita é simplesmente não lacerar cirurgicamente o períneo (episiotomia).


Na Alemanha por não se fazer a episiotomia há mais de 2 décadas houve a necessidade de um treinamento muscular para o momento do parto. O Epi-no (episiotomia-não) trabalha o alongamento do músculo que funciona como qualquer outro músculo estriado esquelético do nosso corpo, ele contrai, relaxa, fica encurtado, fraco, forte, rígido, insensível, hipersensível e sem função. Nesse último exemplo, sobre função, que eu entendo como a mais importante de todas, pois um músculo mesmo que seja forte, no caso seria mais pra encurtado, ele perderá a sua função de relaxar e contrair, portanto será um músculo tão ruim quanto um fraco e flácido devido ao resultado final. E é por esse exemplo que não me interessa nesse momento quantificar a força do assoalho pélvico dessa mulher e sim avaliar se o músculo tem ou não a sua função adequada.


Durante a gestação esse músculo sofrerá sobrecarga e ele precisa estar ativo para se manter contraído quando houver necessidade protegendo outros sistemas do nosso corpo. Mais para o final da gestação oriento o início do uso do Epi-no. Isso ocorre entre 30 e 34 semanas. Muitos profissionais do parto acham que devemos orientar a mulher a usar o epi-no bem pra frente na idade gestacional, mais ou menos com 37 semanas, e, que seja feito o treino todos os dias. Por ter um olhar um pouco mais fisioterapêutico eu sei que nenhum músculo do corpo consegue ganhar alongamento em mais ou menos 2 semanas. Como qualquer alongamento muscular, o períneo requer concentração, tempo, controle, foco e insistência para chegar ao seu objetivo, e, isso leva-se tempo. Mesmo porque a barriga irá crescer cada vez mais e a prática do seu uso começa a ficar cada vez mais difícil e incômoda. Se a gestante tiver conseguido com 32–33 semanas treinar bastante o uso do epi-no, ao chegar com 37 semanas ela poderá até não fazer todos os dias pois o músculo não perderá tudo que já foi conquistado. Quanto mais avançada a gestação outras questões entram em cena e muitas vezes o Epi-no é o primeiro a ser deixado de lado pela mulher que já está cansada física e emocionalmente.


Toda conquista requer treino e todo treino requer hábito, não são palavras muito presentes na vida de uma grávida de terceiro trimestre, não podemos nos enganar. Cabe a nós profissionais da assistência ao parto saber dosar as condutas e a maneira como elas serão cobradas pois nosso objetivo final será o mesmo, uma gestação e um parto tranquilos podendo nos munir de acessórios que ajudem essa mulher e não que venha lhe causar um transtorno desnecessário em um momento tão sensível da vida delas.

 
 
 

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